![]() |
Imagem do google |
“Amarração amorosa” é o nome de um trabalho
espiritual que visa unir duas pessoas que, por alguma razão, estão separadas. É
uma intervenção direta no livre-arbítrio de uma das partes, forçando a mesma a
aceitar uma união que, a rigor, de fato não gostaria.
Sua origem é incerta. O que se pode dizer é que
a humanidade persegue este tipo de coisa há bastante tempo. Desde o “cinturão
de Afrodite” às fórmulas mágicas da idade média, as pessoas, em todo mundo,
sempre procuraram artifícios espirituais para conquistas sentimentais.
Contudo, neste texto, não examinarei as
múltiplas versões que as amarrações possuem nos mais variados contextos. Vamos
nos ater ao universo da Umbanda.
É incrível como, ainda hoje, as pessoas associem
a Umbanda às amarrações. Eu já perdi as contas de quantas pessoas me
procuraram, pelo meu trabalho na religião, pensando que talvez eu também
fizesse amarrações.
Por esta razão, antes de continuar, é bom
deixar claro que: Amarração não tem nada a ver com a Umbanda. E no
decorrer do texto vou explicar os motivos.
Agulha no palheiro
Ainda hoje, encontrei na garagem da minha casa
um pequeno panfleto de uma “vidente” muito conhecida na cidade e que vive
colando cartaz em poste ou fazendo anúncios nas rádios (foi o que me motivou a
escrever este texto).
Ela praticamente oferece todo tipo de trabalho,
para o bem ou para mal, se apresentando como alguém capaz de tudo, até de
“curar vícios”... Mas, se ela é tão boa assim, por que anunciar em tudo quanto
é lugar? As pessoas não deveriam fazer fila para procurá-la?
Na verdade, encontrar alguém que realmente seja
capaz de fazer uma amarração verdadeira é tão difícil quanto encontrar uma
agulha em um palheiro.
A imensa maioria destas pessoas que anunciam no
facebook, que colocam cartaz em postes, etc., são simplesmente aproveitadores
que jogam com a ingenuidade e com o desespero alheio e tentam, com isso, ganhar
algum dinheiro...
Não possuem, verdadeiramente, “taco” para
trabalhos desta natureza!
Contudo, eventualmente, é possível encontrar
algum médium que realmente seja capaz disso. Um médium que, de fato, tenha
assistência espiritual para trabalhos desta natureza e que tenha realmente
força para levar adiante um trabalho negativo assim.
Estes médiuns, contudo, raramente se dão a
conhecer, por que sabem das consequências daquilo que fazem. As pessoas os
procuram, eles não precisam de anúncio e geralmente vivem muito bem, pois
recebem boas quantias em dinheiro para seguir neste caminho.
Médium das sombras
A mediunidade, a rigor, é uma faculdade neutra.
Usá-la para o bem ou para o mal é algo que corre por inteira responsabilidade
do próprio médium. Contudo, nenhum espírito reencarna com a tarefa mediúnica
para fazer mal-uso da sua faculdade. Se vai por este caminho, é que resolveu
abandonar o caminho da luz e seguir pela via das sombras.
A partir do momento em que o médium abandona o
caminho da caridade, do sacrifício pessoal e da renúncia e escolhe a “porta
larga” do mundo, vendendo sua faculdade para obtenção de lucros ou vantagens
pessoais em busca das alegrias passageiras, ele atrairá para perto de si
espíritos sombrios, com os mesmos interesses que ele.
Os guias espirituais sempre tentam de tudo para
dissuadi-lo... Mas, a partir do momento em que ele realmente escolhe este
caminho, eles simplesmente se afastam e a mediunidade do sujeito estará
completamente dominada por entidades sombrias.
Estas entidades, a princípio, podem fazê-lo se
sentir um verdadeiro mestre, um poderoso feiticeiro, contudo, apenas alimentam
a ilusão e a vaidade. O médium passa a se sentir uma pessoa muito maior do que
realmente é e cada sucesso de seus trabalhos apenas reforça sua tola vaidade.
Essa é uma estratégia muito eficaz destas
entidades, que o iludem com as rédeas do poder, quando ele próprio se converte,
na verdade, em escravo destas entidades.
Se o médium não mudar sua conduta, desencarnará
em tristes condições, vindo a sofrer, no mundo espiritual, tormentos
indescritíveis nas mãos daquelas entidades que, por muito tempo, pensou
dominar.
Espíritos perversos
A maioria das entidades que atuam em trabalhos
como as amarrações ou de natureza semelhante, são espíritos perversos,
maldosos, inescrupulosos, completamente desordeiros e interesseiros.
Se você precisasse de algo, confiaria em alguém
assim? Pois é o que as pessoas fazem quando procuram esses “pai de poste” para
fazer algum trabalho negativo.
Esses espíritos atuam através dos médiuns
apenas quando a causa lhe interessa, quando o pagamento lhe convém. É por isso
que, a princípio, nenhum médium sério (é difícil falar em seriedade em casos
assim, mas faltam termos melhores), aceita qualquer trabalho sem antes
consultar as entidades sobre a possibilidade de êxito.
Estes espíritos, por serem muito inferiores,
sabem que não podem tudo e sabem muito bem que não conseguem derrubar a todas
as pessoas. Por isso, antes de aceitarem o compromisso, fazem uma prospecção da
situação, investigam, analisam e então dão o seu veredito, negociando,
inclusive o seu preço.
Sim, eles têm um preço.
O médium retira uma parte do lucro para si e,
com a outra, compra os elementos necessários para a realização do trabalho e
também separa parte do dinheiro para comprar o que há de melhor para estas
entidades: compram as melhores bebidas, os melhores charutos, as melhores
carnes, para que estas entidades, na hora certa, incorporem e se beneficiem de
tudo isso.
Este é o grande triunfo para elas. Apegadas que
estão à matéria, satisfazem-se da melhor forma possível, por vezes, pedindo
drogas e até mesmo sexo, procurando, por alguns instantes, viverem como se
ainda estivessem encarnadas...
Pessoa-alvo
É certo que todos somos imperfeitos, temos
nossas brechas e, com frequência, cometemos nossos deslizes. Contudo, a
pessoa-alvo de uma amarração precisa ser alguém bastante vulnerável
energeticamente, espiritualmente e, pelo menos, com algum resquício de
sentimento capaz de liga-la a pessoa contratante.
As entidades podem insuflar sentimentos, mas
não podem plantar sentimentos. Infelizmente, já tive que dar essa má notícia a
muitas mulheres: o marido pode até ser alvo de uma amarração e ela surtir
efeito, porém, a pessoa-alvo tinha, pelo menos, uma pequena vontade de “cair”,
do contrário, não haveria nenhum efeito...
Não se engane: pessoas caridosas e de fé não
tombam por algo assim... Caem sempre aquelas mais fragilizadas emocionalmente,
sem o escudo da fé viva e sem a proteção que o trabalho no bem nos confere...
Quando essas entidades sombrias encontram as
brechas necessárias, imediatamente calculam quanto tempo levarão para conseguir
o seu intento e é por isso que o prazo para o efeito do trabalho varia tanto.
Método
Eu não vou descrever o método material do
trabalho que, frequentemente, beira o grotesco. Vou me ater ao método
espiritual usado por essas entidades para conseguir que uma amarração se efetive:
Elas (e, sim, são mais de uma) se cercam da
pessoa alvo e procuram influenciá-la energeticamente. Tente imaginar a vibração
de espíritos desta categoria e tente imaginar o quão agradável deve ser
permanecer o dia todo cercado por entidades maléficas.
É comum que, inicialmente, a pessoa-alvo sinta-se
fraca, cansada, comece a ter problemas para dormir, etc.
Quando as entidades conseguem afetar
energeticamente o alvo, começam a sugerir-lhe pensamentos, para que recorde da
pessoa contratante (a imensa maioria dos casos se dão entre pessoas que já
tiveram algum tipo de relacionamento no passado), procuram falar-lhe do
passado, lembrando, a todo momento, a outra parte.
Como a pessoa-alvo já teve algum tipo de
relacionamento prévio com a contratante (casos em que nunca houve qualquer tipo
de vínculo anterior entre ambos são
extremamente raros, mas o método é o mesmo), as entidades passam a sugerir que
se lembre dos momentos mais felizes, agradáveis e prazerosos que viveram
juntos. Excita-lhe lembranças picantes, insuflam fantasias e procuram afastar
seus temores.
Em resumo, é um processo hipnótico sob severa
carga vibratória inferior.
Por este processo, dia após dia, esses
obsessores freelancer’s, quebram a vontade da pessoa, fazendo com que não
consiga pensar em nada mais a não ser no contratante do serviço.
Todos os setores da vida pessoal entram em
declínio. Começam a surgir problemas familiares, no serviço, com os amigos,
pois a pessoa-alvo, sob forte hipnose espiritual, deixa de lado suas tarefas ao
passo que cresce em sua mente uma ideia fixa e obcecante: estar com a pessoa
contratante.
É claro que, neste processo, mesmo sem qualquer
respaldo espiritual por méritos próprios, sempre tentam intervir a seu favor
seu próprio anjo de guarda, familiares espirituais que, por vezes, influenciam
familiares encarnados para que busquem ajuda em terreiros, o que pode fazer com
que este processo leve mais tempo do que previsto a princípio.
Contudo, no correr das semanas, se a
pessoa-alvo não conseguir elevar seu padrão vibratório, não receber passes, não
mudar a sintonia dos seus pensamentos, ela fatalmente cairá e, muitas vezes,
acabará nos braços de quem a deseja.
Há outro detalhe: a amarração dura pouco tempo,
pois se as entidades não estiverem em volta da pessoa, influindo
energeticamente, ela começa a melhorar, recuperando sua vontade verdadeira.
Para impedir isso, geralmente, o médium pede que sejam feitos pagamentos
periódicos para “reforçar a amarração”...
Consequências
Estar sob a influência de espíritos nestes
processos transforma a pessoa em um verdadeiro zumbi. Certa feita conheci um
rapaz assim: não comia direito, não conseguia estudar, brigava com todo mundo
em casa, se isolava cada vez mais, não queria sair do quarto, mentalmente preso
a asfixiante ideia de estar junto a pessoa que contratou o serviço que, neste
caso, foi ainda mais perversa, pois pediu uma amarração sem interesse real na
pessoa, queria apenas vê-la se arrastar por ela...
Quando chega neste ponto, a pessoa praticamente
perdeu controle sobre sua própria vida. Torna-se um “zumbi”, sem vida,
frequentemente emagrecendo muito, fica pálida, sem força ou vontade para nada.
Eis o custo da amarração: consegue-se, muitas
vezes, a pessoa amarrada. Mas, é bem isso: amarrada! Praticamente sem vida, sem
vontade, uma caricatura da pessoa que um dia ela foi (isso os médiuns
inescrupulosos não costumam contar).
Há algum tempo soube da história de um rapaz
que fez uma amarração para um primo. Este resistiu o quanto pôde, mas por fim,
acabou mantendo relação sexual com ele. Contudo, sentiu-se tão mal após o ato
que acabou cortando os próprios pulsos, constrangido e envergonhado. Não
morreu, mas foi por pouco...
Mas, e para quem faz, quais são as
consequências?
É preciso lembrar que existe a Lei de Causa e
Efeito ou Lei do Retorno, como muitas pessoas preferem chamar na Umbanda: o que
fazemos, retorna para nós, em formas de bençãos ou sofrimentos, conforme a
natureza de nossos atos.
Tanto quem faz a amarração, quanto quem pede
uma, estará acumulando severas dívidas para si e que terão que pagá-las, nesta
ou na próxima vida. É comum que estes médiuns digam aos seus contratantes que
nada lhes acontecerá, que a dívida será só deles, que eles aguentam o “choque
de retorno”, mas isso não é verdade.
Tanto quem faz o mal, quanto quem se beneficia
dela, respondem perante as leis Divinas, cedo ou tarde. Imagine, por exemplo, o caso que citei acima, do rapaz que pediu a amarração do primo que quase se matou? Intervir no caminho das pessoas é algo realmente muito perigoso e de consequências imprevisíveis.
Conheci uma senhora que se gabava de ter feito
amarrações, de derrubar inimigos, de colocar qualquer um de cama, etc. Quando a
conheci, ela sofria com pressão alta, diabetes, teve um AVC, andava toda torta,
mas ainda assim, se gabava de seus “poderes”.
Outra senhora, viva tão envolvida nesses
trabalhos negativos que, um belo dia, as entidades se cansaram de seus
petitórios sem fim e começaram a atacá-la. As próprias entidades que até então
satisfaziam seus desejos, através do médium, disseram-lhe friamente que haviam
se cansado dela e que agora iriam destruí-la. Ela chegou no terreiro tão
perturbada que não conseguia formular, sequer, uma única frase... É o risco que
se corre ao lidar com espíritos assim!
Aqui se faz, aqui se paga. Não há a menor
dúvida!
Amarração x Umbanda
No começo do texto eu disse que a Umbanda não
tem nada a ver com as amarrações e a razão é simples: a Umbanda é uma religião
de paz e amor, liberdade e libertação, não cabem nela trabalhos que visem
subjugar as pessoas por simples caprichos de pessoas emocionalmente
comprometidas.
A rigor, quem pede por uma amarração são
pessoas egoístas e narcisistas que ao invés de enxugarem as lágrimas no término
de um relacionamento e seguirem adiante com suas vidas, param com tudo,
afundando-se numa ideia obcecante de ter o outro a qualquer custo, gastando,
não raro, verdadeiras fortunas para isso, gerando dívidas cármicas
pesadíssimas...
A Umbanda não concorda com nada disso e, pelo
contrário, trabalha frequentemente para desmanchar essas coisas, socorrer as
vítimas e esclarecer os culpados, a fim de que evitem maiores dores e desilusões
no futuro.
Contudo, a Umbanda ainda é uma religião muito
pouco conhecida e, por isso, vários charlatães aproveitam-se disso para usar o
seu nome ou mesmo o nome das entidades que se manifestam nos terreiros.
Certa vez uma preta-velha me disse:
- Filho, o que você acha mais fácil? Escrever
na porta de uma casa: Terreiro de Umbanda ou “faço magia negra”?
É claro que usar o nome da religião e jogar com
a credulidade das pessoas é muito mais fácil, é pegar carona na ignorância e,
ao mesmo tempo, no imaginário popular.
É por esta razão que muitos leigos associam
Umbanda com as amarrações, embora, a religião nada tenha a ver com isso.
Leonardo Montes
Deixe um comentário
Postar um comentário